segunda-feira, 22 de outubro de 2007
A dona de casa moderna e o inferno que a rodeia
A Liliana, que muito me honra com suas visitas a este humilde blog, colocou um comentário no post anterior que me fez refletir. Ela disse que tenta ser uma dona de casa moderna (e no meu entender, é sim) e pergunta sobre mim. Eu sou? Sei não, talvez. Mas se a questão for por comparação, sim, acho que sou.
A dona de casa é o alvo mais fácil de toda propaganda, de toda mídia. Ela vê televisão, básicamente, e são muito poucas que tem acesso á Internet. As que tem, na maioria das vezes ainda estão atrás de receita de bolo. Não é todo mundo, tem muita dona de casa antenadíssima, mas minha vizinha a quem passo a chamar de Satanás, juntamente com a vizinha dela, Belzebú, só entra na net pra ver site de culinária e fofocas de artistas. Pra que? Compra Caras, Capricho...não, mas elas são "modernas". Voltarei a falar da dupla infernal em breve, mas hoje quero falar de outra ala do inferno. Ou outro círculo, como diria Dante.
Li uns dias atrás (estou traumatizada com meu português ruim, me perdoem as construções de frase. Marilene Felinto, na Revista Caros Amigos deu uma esculhambada certeira no site da Secretaria da Educação de São Paulo, e eu fiquei traumatizada com a minha ignorância da língua) no blog do Paulo Henrique Amorim sobre um projeto de lei da senadora Patrícia Saboya (que nome chique que ela tem!) do PSB do Ceará, que tenta ampliar os dias da licença maternidade de 120 para 180. O projeto não força a barra, a adesão seria voluntária por parte das empresas.
A senadora caucula que se todas as empresas aderirem, o governo federal deixaria de receber r$500 milhões em impostos, já que o projeto prevê que a empresa pode deduzir do IR o salário que a funcionária receberia na licença.
Parece óbvio o benefício desse projeto para as mulheres que trabalham e principalmente para os bebês, que contariam com o tempo correto de aleitamento. Parece-me óbvio que a sociedade deva se importar com a qualidade de vida de suas gerações futuras, com a saúde física e mental de suas crianças. A segurança e felicidade transmitida pelo contato constante materno, para mim não tem preço.
Mas percebo que o que é óbvio para mim, não é para todos. Infelizmente o PHA já retirou a matéria do blog, mas enquanto estava lá podia-se ler os comentários: todas as mulheres se mostraram entusiasmadas com o projeto, enquanto os homens, com duas ou tres honrosas excessões, foram violentamente contra. Não foram só comentários contra o projeto, a maioria era visceralmente contra, alguns até chamando as mulheres de vagabundas. Vagabundas porque queriam ficar em casa cuidando dos seus bebês até os seis meses.
O que me assustou foi a misoginia.
Não vamos confundir misoginia com machismo: misoginia é, segundo o dicionário, horror ou aversão ás mulheres, machismo é a crença de que a mulher é um ser inferior.
O que me leva a crer que a sociedade brasileira já ultrapassou o mero machismo, a mulher-objeto, a coisa no comercial de cerveja. Agora é ódio mesmo. Poderia-se escrever um tratado psicológico á respeito, mas não estou aqui pra isso.
Minhas conclusões baseiam-se sómente nos comentários de um blog? Não. Faça uma busca na net sobre o tal projeto e veja a quantidade de sites que se passam por "imparciais"(odeio essa palvra. Não existe imparcialidade total, é uma quimera. Ser humano não é assim), e a quantidade de homens que educadamente ou nem tanto, bombardeiam o projeto.
Ainda para ajudar, li hoje no blog Os Amigos do Presidente Lula:http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/, que um juiz de Mato Grosso fez esse edificante discurso contra a Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor nas penas contra agressões a mulheres no lar:
"Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (...) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!"Umas das sentenças do juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues que chegou ao Conselho Nacional de Justiça. Em 12 de fevereiro, sugeriu que o controle sobre a violência contra a mulher tornará o homem um tolo."Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões."" Ele chama a lei de "monstrengo tinhoso".
Ou seja: Pode espancar mulher á vontade. Dona de casa é saco de pancada, sancionado por Deus.
Se isso não é misoginia, não sei o que é.
Algumas pessoas colocam a culpa desse estado de coisas sobre as mães. Dizem que elas educam os filhos para serem machistas. Eu concordo plenamente, como virei a demonstrar depois, mas não creio que isso seja a unica causa, e talvez nem mesmo a mais importante. Afinal se a criatura é homem adulto e ainda não conseguiu se livrar da neura da mamãezinha, tem que procurar um psiquiatra rapidinho, ou é uma anta completa que nunca vai sarar. São tão raros os homens que gostam de mulher hoje em dia, que é alarmante. Mais alarmante é que a maioria não está nem aí com as gerações futuras.

PS: Gostaria de lembrar ao tal juiz que, se ele é católico, a salvação do mundo veio por meio de uma Mulher. O Messias não entrou no mundo sozinho, Ele veio Dela, Maria. Aquela a quem Ele, sem constrangimento chamava de Mãe e não lhe negava nada. E era tanto o respeito que Ele tinha pelas mulheres que nem á Maria Salomé, aquela inxerida, ele negou. Enrolou, mas não negou. E olha que Ele é O Cara!

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posted by María Salomé @ 14:09  
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Eu sou María Salomé, mas as pessoas me chamam só Salomé. É um nome antigo, hebraico, o feminino de Salomão, que quer dizer "a pacífica". No entanto nenhuma Salomé que conheci ou tive notícia, inclusive eu mesma, poderia ser chamada de pacífica. E é importante notar que não recebi esse nome em homenagem àquela tolinha de 16 anos, que para atender aos desejos da mãe Herodíade, pediu ao rei Herodes a cabeça do profeta João Batista numa bandeja. Não, a inspiradora do meu nome foi outra, uma verdadeira e heróica ídche-mama: Maria Salomé, esposa de Zebedeu e mãe de 2 grandes apóstolos de Jesus: São Tiago Maior e São João Evangelista.A passagem bíblica na qual ela demonstra seu caráter voluntarioso e protetor se dá quando ela pede(não sei se pedir é a palvra...) a Jesus que seus dois filhos se assentem á Sua direita e esquerda no Reino de Deus.Jesus ficou numa saia justa, mas disse que isso só o Pai poderia determinar.Se Salomé foi atendida ou não, não sabemos, mas é fato que o primeiro apóstolo a morrer foi São Tiago e o último São João. Se a gente pensar numa mesa...Deus é quem sabe, mas que ela tinha coragem, ela tinha.É esse espírito de mãe que admiro.

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